Pages

terça-feira, 20 de abril de 2010

O Preço Da Covardia


Depois de 23 anos lutando contra a minha homossexualidade, devido a religião impregnada em minha essência, eu encontrei um amor. Na verdade, eu já era amigo dele, e nunca tinha imaginado estar com ele de uma forma diferente que não fosse amizade.
Em 2004, no dia do meu aniversário, eu estava na casa de um velho amigo, conversando sobre o cotidiano enquanto ele arrumava a casa. Adormeci e fui despertado com gotas de água sobre a minha face, abri os olhos e me deparei com o sorriso mais lindo de toda a minha existência, e fui surpreendido com um beijo na boca seguido de um "FELIZ ANIVERSÁRIO". Ainda espantado e com o coração batendo mais ritmado que bateria de de escola de samba, me entreguei ao desejo e retribui o carinho. Fizemos amor ali. Percorri cada parte de seu corpo, como se eu o conhecesse, como se eu tivesse nascido para aquilo. Sem medos. Só desejo. Apenas prazer. Foi a primeira vez que eu me senti feliz e realizado. Era eu mesmo e o meu desejo falando mais alto.
Primeiro foi sexo. Depois foi um bem querer... um amor que foi crescendo a cada dia com cumplicidade e respeito. Foi com ele que eu aprendi a amar, a lutar para ser alguém melhor e a me aceitar como sou. Mas o aprendizado não foi suficiente. Dois anos juntos, vivendo o amor no anonimato, sem ninguém, além de nós mesmos, saberem de nosso romance, e eu o perdi por medo. Não tive coragem de assumi meus sentimentos, enfrentar a mãe dele[que me adorava, mas me odiaria quando ele contasse que éramos mais que amigos e sim amantes]. Por medo de tudo e de todos, e por não ter aprendido o necessário, acabei me afastando e perdendo meu grande amor.
Um ano se passou sem que tocássemos no assunto. A amizade continuou, mas o amor de homem deu lugar ao amor de irmão, embora ele já não compartilhasse sua vida íntima comigo, até que ele me revelou que estava namorando e que assumira para a mãe que era gay, e para meu espanto, ela o aceitou. A raiva, a inveja e todos os sentimentos odiosos tomaram conta de mim. Senti raiva pela minha covardia de não enfrentar o mundo pelo nosso amor, inveja por outro cara ter tido a sorte de ter um grande homem ao seu lado... Enfim, aprendi mais uma lição com ele. A última: devo lutar pelo o que eu quero, mesmo que para isso eu tenha que enfrentar o mundo e perder algumas coisas. Afinal, para se ter algo é preciso abrir mão de algumas coisas.
Hoje, embora ainda amigos, a azáfama de nossos dias atuais não nos permite um contato mais direto, embora raras são as vezes que o encontro no msn, e recados no orkut já não há. Algo se quebrou em nosso elo, e eu desejo que um dia possamos nos reencontrar e tentar acertar o que deixamos pedente. Um dia, talvez...

7 comentários:

  1. "Azáfama" me fez revirar os olhinhos! Se o reencontro não vier, pelo menos você tem essa lembrança importante, indelével, que ajudou a te moldar como é hoje. Certas pessoas não vêm pra ficar pra sempre, mas pelo tempo necessário.

    ResponderExcluir
  2. Lamento também... E se alguma coisa serve passar por uma experiência triste são as lições aprendidas: lute sempre!

    ResponderExcluir
  3. É, lembro-me que recebi um e-mail falando de pessoas que aparecem em nossa vida. E ele permaneceu 25anos na minha, mas só dois como amante. Sinto falta dele. Juro! Eu escrevi isso para ele como depoimento: Saudades dos momentos verdadeiros, dos papos cabeça, de aprendermos coisas juntos,e de todas as coisas que você me ensinou. Até a aspereza suave de sua voz faz falta, meu amigo. Enquanto não nos reencontramos, só as fotos manterão acesa em minha memória o seus olhos, que falavam-me em silêncio tudo o que eu precisava ouvir. Amo-te!

    ResponderExcluir
  4. Aprendi a lição, Mulher Asterísco. Aprendemos muito com a dor, e agora darei o melhor de mim quando encontrar alguém que desperte em mim o amor. Hoje sou um homem sem medos.

    ResponderExcluir
  5. perfeito o coment do Edu ... é isto ... e o mais importante ... ficou o aprendizado para toda a sua vida ... isto importa e muito ... qto ao amanhã ninguém sabe né? mas não fique esperando por este amanhã possível ou não ... viva a sua vida plenamente ...

    bjux

    ;-)

    ResponderExcluir
  6. Com certeza, Paulo, aprendi muita coisa. Levarei para sempre este aprendizado. Estou esperando por este possível amanhã, embora esteja vivendo intensamente.
    Bjs

    ResponderExcluir